O padre e cantor Fábio de Melo (foto) reconheceu em seu programa de TV que quem descrê em Deus não é necessariamente má pessoa, porque isso dependente da índole de cada um.
“Há pessoa que acredita em Deus e não é boa”, disse. “Acreditar não é tudo, a diferença é o que a gente faz com aquilo em que acredita.”
“Eu já encontrei ateus muito mais preparados para a vida do que aqueles que se dizem cristãos.”
Trata-se de afirmações que, entre os sensatos, poderiam passar despercebidas porque não contêm nenhum absurdo, mas nesse caso elas chamam a atenção por terem sido feitas por um padre famoso que tem colegas que vivem associando o ateísmo à perversidade, ao mal.
Só para pegar um exemplo, Marcelo Rossi, também padre e cantor, disse em 2013 que o mundo está muito violento porque “falta Deus na vida das pessoas”.
É uma visão preconceituosa, porque, ao examinar hoje rapidamente o noticiário, verifica-se que muita violência vem sendo cometida por pessoas como excesso de Deus em sua vida, por assim dizer, como é o caso dos militantes do Estado Islâmico.
O que importa, como disse Melo, é a índole ou, em outra palavra, o caráter,
Melo falou sobre ateísmo ao responder a uma carta de uma fiel que estava aflita porque seu namorado é ateu, embora ele tenha boas qualidades.
“Ao tomar certa idade, ele [o namorado] resolveu questionar tudo, inclusive a existência de Deus [...] e não quer se casar na igreja", lamentou a moça que conhece o jovem desde a adolescência.
Ela está preocupada com o fato de os seus filhos terem um pai ateu, o que seria difícil educá-los na religião.
O padre afirmou que cabe a sua seguidora decidir se casa ou não com jovem que ama. Acrescentou que talvez não seja tão difícil, no caso, constituir um lar cristão porque, afinal, disse, nem todos os ateus são tão ateus como acreditam.
O padre Melo alimentou a esperança da fiel de, com o tempo, converter o rapaz ao catolicismo.
Argumentou que “fazer o ateísmo durar a vida inteira não é brincadeira”, porque, em determinado momento, o ateu sempre “acaba precisando de algo que o sustente”.
“Quando a gente é jovem, há muita disposição, é fácil de ser ateu. E com o passar do tempo, a gente acaba adquirindo uma sensibilidade que faz sentir Deus.”
Além disso, falou o padre, muitas pessoas vivem um processo temporário de descrença.
Para o padre, o problema desses supostos ateus não é Deus, mas a religião. “Encontrei muitos ateus que não eram ateus coisa nenhuma, eles eram traumatizados com a religião.”
“Em muitos momentos tivemos histórias muitas feridas, experiências muitos negativas”, disse Melo, sem falar de casos concretos, como o de sacerdotes pedófilos.
O padre criticou as pessoas que se tornaram ateias por causa da fome no mundo, da morte de crianças, dos terremotos.
“É muito infantil pensar que as desgraças do mundo possam ser motivo para negar a existência de Deus”, disse. “A realidade está criada e ela tem vida própria. Deus não tem como ficar modificando isso o tempo todo.”
Melo afirmou que, por exemplo, existe fome não por causa de Deus, mas em decorrência de injustiças sociais.
A discussão sobre quem é ou não infantil em seus argumentos, se ateus ou o se próprio Melo, pode ir longe, mas por enquanto já é bom saber que há entre os padres brasileiros um pouco de tolerância para com os as Bíblia chama de "ímpios".
"Existem pessoas que acreditam
em Deus e não são boas"
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