quinta-feira, 30 de abril de 2015

Os cinco poemas declamados por Abujamra mais acessados

 



1 – ‘Tratado geral das grandezas do ínfimo’, de Manoel de Barros
“A poesia está guardada nas palavras – é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.”

2 – ‘O valioso tempo dos maduros’, Mário de Andrade
Como Abujamra adaptou este poema, nós colocamos abaixo tanto a versão original quanto a alterada.
Original:
“Contei meus anos e descobri que terei
menos tempo para viver daqui
para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que
recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras,
ele chupou displicente, mas percebendo
que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam
egos inflamados. Inquieto-me com invejosos
tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis,
para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias
que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres
de pessoas, que apesar da idade cronológica,
são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos
que brigaram pelo majestoso cargo de secretário
geral do coral. As pessoas não debatem conteúdos,
apenas os rótulos?
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos,
quero a essência, minha alma tem pressa?
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado
de gente humana, muito humana;
que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora,
não foge de sua mortalidade, caminhar perto de
coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!”

Adaptação:
“Contei meus anos e descobri que tenho menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro. Então, já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero reuniões em que desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos cobiçando o lugar de quem eles admiram.
Já não tenho tempo para conversas inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas idosas, mas ainda imaturas.
Detesto pessoas que não debatem conteúdos, mas apenas rótulos!
Quero viver ao lado de gente que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
Apenas o essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!”

3 – ‘Esquece o Futuro’, de Michel de Montaigne
"Esquece o futuro... Ele não te pertence!
O presente te basta!
Mas é preciso ser rápido, quando ele é mau presente
E andar devagar quando se trata de saboreá-lo
Expressões como: ‘passar o tempo’ espelham bem a maneira
de viver dessa gente prudente.... que imagina não haver coisa melhor
para fazer da vida.
Deixam passar o presente, esquivam-se, ignoram o presente
Como se estar vivo fosse uma coisa desprezível
Porque a natureza nos deu a vida em condições tão favoráveis
que só mesmo por nossa culpa ela poderia se tornar pesada e inútil!"

4 – ‘Não quero muitas e nem poucas palavras’, de Aline Binns
“Não quero muitas
E nem poucas palavras.
Não quero definições
E nem quero sentenças.
Quero apenas caminhar com sede
E ouvir-me silenciosamente,
Enquanto atravesso essa vida em tumulto,
Esse alarde,
Essa insana busca de tudo,
Para o nada que preciso.”

5 – ‘Arte de Amar’, de Manuel Bandeira
“Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.”

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