A avaliação usa uma escala de seis níveis para classificar o
desempenho dos estudantes de 15 e 16 anos nas provas de leitura,
matemática e ciências, sendo que o nível 1 é considerado insuficiente e o
nível 2 é o mínimo de proficiência. No Pisa 2018, 50% dos brasileiros
não atingiram o nível 2 em leitura, ou seja, são incapazes de
identificar a ideia geral de um texto, encontrar informações explícitas
ou analisar a finalidade daquele material.
Situação preocupante
De acordo com o estudo, 43% dos jovens do Brasil não atingiram o
nível mínimo em leitura, nem em matemática, nem em ciências. “Isso é
preocupante, ainda mais quando estamos em uma sociedade que valoriza
cada vez mais níveis elevados de habilidades e conhecimentos”, avalia
Moraes.
A analista salienta que há uma relação forte entre o valor do
investimento por aluno e o desempenho dos estudantes na avaliação. Com
um pouco mais de investimento, o Brasil poderia melhorar seus
resultados. “Investimentos mais altos por alunos estão associados a
resultados melhores no Pisa. Para quem está no começo da curva – caso do
Brasil que tem um investimento baixo –, um pequeno aumento no
investimento por aluno estaria associado a uma melhora significativa na
performance dos alunos em leitura, por exemplo.”
Indisciplina e faltas são razão para alerta
A edição mais recente da avaliação internacional trouxe ainda
informações sobre o comportamento, o bem-estar e a satisfação dos jovens
de 15 e 16 anos com a escola. Camila de Moraes destaca os altos níveis
de indisciplina e de ausência nas aulas como temas que devem receber
atenção do governo.
A metade dos estudantes brasileiros que fizeram a avaliação
internacional disse ter faltado à escola ao menos um dia nas duas
semanas anteriores ao teste. O índice é mais que o dobro dos países da
OCDE, onde 21% dos estudantes afirmaram ter perdido algum dia de aula.
A indisciplina toma bastante tempo dos professores no início das
aulas, segundo 41% dos estudantes brasileiros. Os professores gastam
parte da aula para deixar a turma em silêncio. Nos países da OCDE, 26%
dos alunos relataram o mesmo problema em classe.
“O Brasil ficou abaixo da média no índice de satisfação com a vida.
Entre 2015 e 2018, houve um aumento significativo de alunos que se
consideraram não satisfeitos com a vida e uma diminuição daqueles que se
consideram satisfeitos. Além disso, o Brasil está acima da média em
relação à ocorrência de bullying. São fatores que devem ser investigados
mais a fundo”, avalia a analista de educação da OCDE.
Ranking de educação
A prova, realizada a cada três anos, avalia os conhecimentos de
adolescentes de 15 e 16 anos em leitura, matemática e ciências em
dezenas de países. O resultado brasileiro nas três disciplinas em 2018
foi melhor do que o de três anos atrás, quando o país apresentou pela
primeira vez queda nas médias. No entanto, as notas dessa avaliação
estão no mesmo patamar das obtidas pelo Brasil em 2009, indicando
estagnação no desempenho dos alunos na última década.
Na prova de leitura, os brasileiros tiveram, em média, 413 pontos. O
resultado coloca o Brasil em 57º lugar dentre 78 economias avaliadas, à
frente da Colômbia (412), da Argentina (402) e do Peru (401), mas muito
atrás dos 487 pontos de média da OCDE.
Em ciências, a média brasileira foi de 404 pontos, deixando o Brasil
em 66° lugar no ranking da disciplina. Já em matemática, a média dos
alunos brasileiros foi de 384 pontos, enquanto a média dos países
desenvolvidos é de 489 pontos. Essa foi a pior nota brasileira, que
coloca o Brasil em 70° lugar no ranking de matemática, dentre 78 países,
atrás dos vizinhos Chile (417), Peru (400) e Colômbia (391).
A primeira posição do ranking das três disciplinas ficou com as
províncias chinesas de Pequim, Xangai, Jiangsu e Guangdong,
ultrapassando os alunos de Singapura. Os estudantes das províncias
chinesas alcançaram, em média, 555 pontos em leitura, 591 em matemática e
590 em ciências.
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