segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Por uma defesa da políticas de ações afirmativas





O momento pelo qual passa a educação brasileira é um reflexo do que ocorre em outras partes do mundo. Se no velho mundo os imigrantes e seus descendentes disputam vagas tanto das escolas como dos bancos das universidades, em terras tupiniquins não poderia ser diferente. Na contemporaneidade os excluídos de outrora exigem seus direitos.
Apesar da influência dos ideais de cidadania, amplamente analisados desde Thomas Marshall, o nacionalismo e a xenofobia dos países europeus opera de modo a rejeitar que os filhos de imigrantes possuam os mesmos direitos. No Brasil, a desigualdade no acesso a educação ocorre com os próprios brasileiros. Ou seja, aos indivíduos situados nos estratos mais baixos existem barreiras expressivas.
Conquistar uma vaga em um curso superior, em uma universidade pública é, antes de tudo, uma acirrada disputa. Assim, aos que foram iniciados na educação formal com tempo para se dedicar aos estudos e, obviamente, com ajuda de familiares, possuirá uma vantagem considerável em virtude das condições mais favoráveis. E esse fato social, a posição privilegiada na estrutura social, é obscurecida diante do discurso da meritocracia. 

As cotas raciais são a reserva de vagas em instituições públicas ou privadas para grupos específicos classificados por etnia, na maioria das vezes, negros e indígenas

A ideologia da meritocracia torna imperceptível as diferenças familiares, de classe social, de capital cultural e econômico – como demonstrou Pierre Bourdieu em seu livro ‘os herdeiros’. Se as pessoas iniciam a disputa de vagas a partir de posições divergentes – por vezes antagônicas, o resultado da disputa não depende única e exclusivamente do mérito individual.
A universidade pública, como um bem coletivo, opera com recursos de todos os cidadãos de um determinado território. Nesse sentido, as várias categorias sociais devem ter direitos de acesso a essa instituição. Negá-lo será sempre uma injustiça grave.



Com base nas análises anteriores se faz necessário a atuação de políticas públicas de modo a corrigir essa distorção. Assim, a política de ações afirmativas, como as cotas, atuam como contrabarreiras. É uma estratégia que objetiva romper com os privilégios – reservando vagas para as minorias sociais.
Negros, indígenas e estudantes pobres foram severamente alijados do processo de educação superior. Se faz necessária tais correções para que o Brasil não apenas reconheça a diversidade e a pluralidade mas, se esforce contra a discriminação.

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