quarta-feira, 29 de março de 2017

Privatização da água - Entrevista com um líder de Cochabamba [Bolívia]

Por Mariana Pitasse
Do Brasil de Fato
No início de março, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB) sancionou a lei aprovada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que permite a venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). A medida foi aprovada mesmo após inúmeras manifestações contrárias. No entanto, militantes e movimentos populares estão se reorganizando para evitar a privatização seja concluída. Nos anos 2000, uma massiva mobilização popular conseguiu expulsar uma transnacional que geria o sistema de água e esgoto de Cochabamba, região central da Bolívia. Para compartilhar a experiência da Guerra da Água, o Sindicalista boliviano Oscar Olivera esteve no Rio de Janeiro a convite do mandato do vereador Renato Cinco (PSol). Em entrevista ao Brasil de Fato, Oscar falou sobre o processo de mercantilização da água e as semelhanças entre as privatizações da Bolívia e do Brasil.

Brasil de Fato: Na sua avaliação, como se tornou natural ter que pagar pela água?
Oscar Olivera: Eu acredito que é uma visão urbana que traz a mercantilização da água. Nas áreas rurais a água é considerada como bem comum. Na Bolívia, em particular, não se paga pelo serviço da água nas áreas rurais. Lá há uma relação de reciprocidade do homem e o meio ambiente, preservando a água. Assim, não existe o dinheiro como forma de intercâmbio para o seu consumo. Nas zonas urbanas sim, porque que o capitalismo alcançou esses espaços com muita força, não só nos negócios, mas também nas relações sociais. Acredito que é parte de uma ideologia capitalista que incorpora o dinheiro não somente como geração de lucro mas também para romper com um hábito espiritual, moral e de sentimento da convivência social entre as pessoas.

E como se dá esse processo?
As pessoas são vistas pelo que tem não pelo que são. É antes de tudo a imposição de uma ideologia. E essa ideologia, como todas as outras, tem uma estrutura que vê o dinheiro como o controlador das coisas, como a única forma para viver melhor, como troca também nas relações sociais. Isso opõe a toda a natureza humana, baseada em valores tão profundos que estão se perdendo, como a reciprocidade, a solidariedade, a transparência. Estamos vivendo uma grande luta ideológica e se não vencermos estaremos acompanhando um processo de fortalecimento ainda maior do capitalismo. Por isso a água pode ser considerada como ouro nesse ciclo, porque o capitalismo transformou a água em uma forma de poder. Todos os conflitos de água no mundo tem essa característica. Quem controla a água domina e manipula os povos.

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Como avalia o avanço das privatizações no Brasil?
Hoje estamos assistindo um processo em que é preciso barrar as privatizações e trabalhar para construção política. Uma barreira contra o individualismo, o neoliberalismo e a morte. É momento de devolver às palavras seu verdadeiro sentido. Antes se falava abertamente em privatização, mas quando os neoliberais viram que era uma palavra muito forte, eles trocaram por concessão. É uma forma sutil de privatização. Quando o povo recupera o verdadeiro conteúdo das palavras, ganha força porque meias palavras impedem a mobilização. A privatização, da perspectiva dos que sofrem com ela, significa expropriação. Não somente das riquezas naturais, mas do patrimônio coletivo, que são as empresas públicas, construídas com esforço de gerações e gerações. Toda privatização significa expropriação de algo que tem a ver com a construção coletiva. Nesse sentido, temos que retomar também o sentido da democracia, que é o mesmo que depositar um voto, de quatro em quatro anos, para que não mude nada? Ou significa dar voz a quem vai, de fato, nos representar? A democracia representativa já não funciona do jeito que está, é preciso recuperar não só a palavra mas a ação democrática.
Qual a aproximação com o que aconteceu na Bolívia e o que está acontecendo no Brasil?
Os processos de privatização são similares em todos as partes do mundo. Acredito que o que aconteceu em Cochabamba, está acontecendo aqui no Brasil, com maior dureza, porque faz 17 anos da privatização em Cochabamba e o neoliberalismo aprendeu e estabeleceu táticas mais cruéis contra o povo. Portanto, o processo de expropriação é mais duro e por isso a resposta da população tem que ser mais forte, mais organizada, mais digna. Porém, as pessoas não têm a possibilidade de enfrentar e resistir sozinhas.
De que forma deve se formar essa resistência?
Hoje, acredito que o Rio de Janeiro e o Brasil, precisa do apoio de outros povos. Em Cochabamba não houve, porque não havia a internet como existe, o Whatsapp, o Facebook, tantos elementos que possibilitam uma comunicação imediata. Porém, essas coisas mudaram e o Brasil terá que resistir acompanhado. A privatização significa corrupção, um desconhecimento do que estão negociando.  A privatização ignora a existência das pessoas, do território, onde vivem humanos e também os animais, as plantas, toda uma biodiversidade. A privatização da Cedae afetará 7 a 10 milhões de pessoas, em Cochabamba afetou um pouco mais de 1 milhão, as dimensões são diferentes, mas as ações vão ser as mesmas. Os processos de privatização são iniciados pelos mesmos em todas as partes do mundo: as mesmas transnacionais, os mesmos bancos, os mesmos governos cúmplices das privatizações, a mesma polícia que reprime a população e também, por outro lado, as pessoas que se organizam e estão dispostas a resistir. Essa luta brasileira, em toda a América Latina, consideramos como uma luta nossa.

Acredita que as pessoas aqui estão aceitando a privatização passivamente? O que falta para uma grande mobilização?
Minha presença aqui é justamente para compartilhar experiências e ideais que vivi na Bolívia e acompanhei em outras partes do mundo. Também é importante compartilhar as preocupações e os fracassos que tivemos. De todo modo, vim aqui para ajudar a levantar o ânimo das pessoas. Os processos de privatização acontecem em muitas partes do mundo, se convertendo em um confronto direto entre os povos e os grandes poderes políticos e econômicos ou se tornam processos de negociação dentro de um barco institucional. Em 2004, por exemplo, no Uruguai quando o povo obrigou o governo estatal a colocar uma cláusula que coloca um ponto final na disputa pela água. Já na Bolívia se instaurou uma guerra, com mortos e feridos, que ninguém queria. Cada povo tem sua característica, somos diferentes.

Qual principal ensinamento que você deixa aos brasileiros?
Uma das coisas mais importantes que os brasileiros podem fazer é difundir informação. Um povo desinformado é um povo derrotado. Aqui os jornalistas têm o papel importante. Eu não acredito em uma imprensa independente e, sim, comprometida com a resistência dos povos. Informação é uma arma importante na organização das pessoas. Formas organizativas que permitem uma verdadeira participação das pessoas, sem hierarquias, sem autoritarismos, organizações horizontais, como as que aconteceram na Bolívia, Equador, Argentina, nos Estados Unidos, com o Ocuppy, na Espanha, com os Indignados, na Grécia, Itália. Vários povos que se uniram para enfrentar os poderes e derrotá-los. A organização e mobilização das pessoas é importante para que os poderosos vejam que existimos, porque se não nos tratam como invisíveis e, assim, podem dar prosseguimento a suas políticas de expropriação e de crime.

Fonte: carosamigos.com

segunda-feira, 20 de março de 2017

Importante vídeo sobre a cultura indígena : Os indígenas - Raízes do Brasil [vídeo animação]


Um vídeo de animação que trata dos povos indígenas desde a chegada dos portugueses em solo sul-americano. Apresenta, de modo didático, algumas informações preliminares para que possamos melhor compreender quem são esses povos e o que os diferenciam da sociedade não índia. Apresenta a diferença de suas diversas etnias, ritos, idiomas e crenças. Para que possamos ter um olhar mais ético e com alteridade que as culturas nativas merece.

Para saber mais acessem:
http://rizomaestudio.com.br/

Esta obra foi realizada com o patrocínio do Município e Fundação Cultural de Joinville por meio do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Choro de Bela - Um surpreendente arranjo para o violão

Segundo CD do Maogani, quarteto de violões que conquistou o público não apenas por sua execução refinada e escolha de repertório, mas sobretudo por seus elaborados arranjos, que têm como característica não repetir os originais, mas preservar a estrutura harmônica e melódica da composição. Como disse o grande Guinga:”É o que há de melhor, hoje, em matéria de execução e arranjo para violão no Brasil”.


Porque é importante manter a Sociologia e a Filosofia no Ensino Médio?

 

 

A Medida Provisória (MP) 746/2016 insere um conjunto de reformas, que na verdade rasga a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), retirando a obrigatoriedade de diversas disciplinas. tal ação foi orquestrada de modo autoritário, via um Decreto - Medida Provisória. Não houve diálogo, audiências públicas, discussão com especialistas em educação. Não foram consultados os professores, os pais e, nem os alunos. 


Diante disso expresso o repúdio contra tal medida que visa acabar com o Ensino Médio de qualidade com vistas a não construir um cidadão crítico e antenado com o mundo a sua volta - mas antes formar mão de obra barata no mercado capitalista!

 

Link da petição AQUI!

Por que isto é importante ?

A Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (ABECS) expressa seu repúdio à exclusão da obrigatoriedade do ensino de sociologia e filosofia do nível médio brasileiro. Esta ação iniciada pela Medida Provisória (MP) 746/2016 insere um conjunto de reformas na etapa final da educação básica sem diálogo com as associações científicas e especialistas em educação. É uma reforma arbitrária e que excluí disciplinas fundamentais para o desenvolvimento do pensamento crítico, humanístico e da cidadania. Nós, abaixo‐assinados, manifestamos nossa indignação com a tramitação aligeirada e autoritária do Governo do Sr. Michel Temer em relação à reforma do ensino médio e defendemos a continuidade do caráter obrigatório da sociologia e filosofia no ensino médio. Por fim, cabe ressaltar que a formação escolar não é apenas para uma profissionalização, ou para o mercado ou como uma técnica, mas é algo para a vida em geral.

domingo, 12 de março de 2017

Projeto de Vida - 1 [Introdução]


ABC da diversidade - Interessantes conceitos de Antropologia


Livro “Antropologia e História dos Povos Indígenas em Mato Grosso do Sul” ajuda no conhecimento da realidade dos povos indígenas

Rico e atual material paradidático sobre a temática indígena nos aspectos históricos, antropológicos, educacionais e linguísticos, o livro “Antropologia e História dos Povos Indígenas em Mato Grosso do Sul”, organizado pelo professor do CCHS Antônio Hilário Aguilera Urquiza, acaba de ser lançado pela Editora UFMS.
Patrocinado pelo Ministério da Educação, o livro reúne textos elaborados por professores especialistas, estudados e debatidos pelos alunos do Curso de Especialização Antropologia e História dos Povos Indígenas.
“O livro é fruto de dois cursos de especialização sobre a temática indígena, em parceria com o Governo Federal (SECADI/MEC). O curso de especialização visa à concretização da Lei 11.645 (2008), que propõe a temática indígena em sala de aula”, explica o professor Antônio Hilário.
O organizador explica que o curso visou à formação de professores para a compreensão da temática indígena, nacional e regional e para os que são professores, elementos para serem trabalhados em sala de aula.

O curso insere-se no processo de criação da Rede de Educação para a Diversidade (REDE) e foi ofertado com 360 horas, em dez módulos, na modalidade semipresencial, por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB).
”O curso quer proporcionar ainda o estabelecimento de uma rede de colaboração para a discussão e partilha de informações e aprendizagens sobre práticas pedagógicas inclusivas na escola”, completa o professor.
Textos
Composto de seis partes, o livro inicia-se com uma visão da Antropologia e da Historia Indígena, seguindo-se textos sobre os povos indígenas no Brasil Contemporâneo, depois se aborda os preconceitos e os povos indígenas, as relações interétinicas, a educação escolar indígena – marco conceitual e encerrando com os direitos indígenas e indigenistas.
“Não é um livro conclusivo, mas traz muitos temas e dados atuais acerca da realidade dos povos indígenas no Brasil e em Mato Grosso do Sul, sobretudo temas relacionados à fragilidade de quase todas as línguas indígenas faladas no estado, algumas inclusive, à beira da extinção, como o caso das línguas Guató, Ofaié e Kiniquinau. Dessa forma, o livro leva à reflexão acerca da realidade atual e real dos povos indígenas, buscando superar estereótipos românticos (índio “puro” e pelado na floresta) e generalizantes (os índios são todos iguais) acerca destas sociedades”, afirma o organizador.
Para Antônio Hilário, “Antropologia e História dos Povos Indígenas em Mato Grosso do Sul” é uma ferramenta para os que fizeram o curso de especialização, mas também para os demais leitores comuns e de qualquer área do conhecimento, especialmente jornalistas e “formadores de opinião”.

Fonte: www.ufms.br

terça-feira, 7 de março de 2017

Atividades de Reflexão 2 - Sociologia


Atividades de Reflexão de Sociologia - Introdução, instituições sociais.


Socialização e a relação entre sociedade e indivíduo - III

Nessa apresentação, do livro "Sociologia em Movimento" da editora Moderna, é discutida a relação entre os agentes de socialização e os indivíduos. A classificação dos níveis de socialização: primário e secundário. É discutida ainda, a interação, papéis sociais e o controle social.

Boa Leitura!

Socialização e a relação entre o indivíduo e a sociedade - II


Socioalização e a relação entre indivíduo e sociedade


Contexto histórico do surgimento da sociologia - I (Introdução)


Ética e Moral - I (Introdução)

Aula introdutória sobre Ética e Moral.
A moral como fenômeno histórico.



segunda-feira, 6 de março de 2017

Deslocamento forçado atinge maide 60 milhões de pessoas

Novo levantamento da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) aponta que uma a cada 113 pessoas no mundo é hoje solicitante de refúgio, deslocado interno ou refugiado. Ao final de 2015, pela primeira vez, número de indivíduos forçadamente deslocados ultrapassou os 60 milhões. Atualmente, a cada um minuto, 24 pessoas são deslocadas. Síria, Afeganistão e Somália são os três maiores focos de origem de refugiados.

As dificuldades da Europa em administrar os mais de 1 milhão de refugiados e migrantes que chegaram em seu território pelo mar Mediterrâneo chamou a atenção de muitos em 2015. Mas o relatório do ACNUR mostra que a vasta maioria dos refugiados no mundo está em outros lugares.






Ao todo, 86% dos refugiados sob o mandato da agência da ONU em 2015 se encontravam em países de renda média ou baixa, próximos às áreas de conflito. Este percentual chega a 90% do total de refugiados no mundo quando são incluídos os refugiados palestinos sob os cuidados da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) — uma organização da ONU dedicada exclusivamente aos deslocados de origem palestina.

Confira no vídeo e saiba mais em http://bit.ly/28KgybK ;
Fonte: www.acnur.org.br

Crise Humanitária - Os regugiados (ONU)





Um dos grandes problemas da contemporaneidade é a crise de refugiados. Refugiados são pessoas que se deslocam de seus países por conta de opressão, perseguição política, risco de vida por conta de conflitos armados. Essas pessoas vivem ao extremo com diversas violações de seus direitos humanos. Desde 2011, com o início da Guerra da Síria, a questão tomou proporções alarmantes com milhares de refugiados em trânsito na busca de melhor qualidade de vida. Todavia, o que encontram por vezes são fronteiras supercontroladas por militares em meio a privação de toda ordem - água, abrigo e alimento. Eles são seres humanos e só querem um lugar digno para viver. Ninguém foge de sua terra natal à toa!



domingo, 5 de março de 2017

Feios, porcos e maus (ode aos herdeiros) - José Miguel


FEIOS, PORCOS E MAUS (ode aos herdeiros)

Compram aos catorze a primeira gravata
com as cores do partido que melhor os ilude.
Aos quinze fazem por dar nas vistas no congresso
da jota, seguem a caravana das bases, aclamam
ou apupam pelo cenho das chefias, experimentam
o bailinho das federações de estudantes.
Sempre voluntariosos, a postos sempre,
para as tarefas de limpeza após combate.
São os chamados anos de formação. Aí aprendem
a compor o gesto, a interpretar humores,
a mentir honestamente, aí aprendem a leveza
das palavras, a escolher o vinho, a espumar
de sorriso nos dentes, o sim e o não
mais oportunos. Aos vinte já conhecem
pelo faro o carisma de uns, a menos valia
de outros, enquanto prosseguem vagos estudos
de Direito ou de Economia. Começam, depois
disso, a fazer valer o cartão de sócio: estão à vista
os primeiros cargos, há trabalho de sapa pela frente,
é preciso minar, desminar, intrigar, reunir.
Só os piores conseguem ultrapassar esta fase.

Há então quem vá pelos municípios, quem prefira
os organismos públicos — tudo depende do golpe
de vista ou dos patrocínios que se tem ou não.
Aos trinta e dois é bem o momento de começar
a integrar as listas, de preferência em lugar
elegível, pondo sempre a baixeza em cima de tudo.

A partir do Parlamento, tudo pode acontecer:
director de empresa municipal, coordenador de,
assessor de ministro, ministro, comissário ou
director-executivo, embaixador na Provença,
presidente da Caixa, da PT, da PQP e, mais à frente
(jubileu e corolário de solvente carreira),
o golden-share de uma cadeira ao pôr-do-sol.
No final, para os mais obstinados, pode haver
nome de rua (com ou sem estátua) e flores
de panegírico, bombardas, fanfarras de formol.

JOSÉ MIGUEL SILVA

sexta-feira, 3 de março de 2017

Existe vida extraterrestre? por Leonardo Boff

Por Leonardo Boff
Cientistas da Nasa descobriram uma estrela Trappist-1, distante 39 anos luz da Terra, com sete planetas rochosos, três dos quais com possibilidade de água e assim de vida. Esta descoberta recolocou a questão de eventual vida extraterrestre. Façamos algumas reflexões sobre o tema, fundadas em nomes notáveis na área.
As ciências da Terra e os conhecimentos advindos da nova cosmologia nos habituaram a situar todas as questões no quadro da grande evolução cósmica. Tudo está em processo de gênese, condição para surgir a vida.
A vida é tida como a realidade mais complexa e misteriosa do Universo. O fato é que há cerca de 3,8 bilhões de anos, num oceano ou num brejo primordial, sob a ação de tempestades inimagináveis de raios, de elementos cósmicos do próprio Sol em interação com a geoquímica da Terra, esta levou até à exaustão a complexidade das formas inanimadas. De repente, ultrapassou-se a barreira: estruturaram-se cerca de 20 aminoácidos e quatro bases fosfatas. Como num imenso relâmpago que cai sobre o mar ou brejo, irrompeu o primeiro ser vivo.

Dando um salto quântico e qualitativo, emergiu na Terra, em nosso espaço-tempo curvo, num canto de nossa galáxia média, num sol secundário, num planeta de quantité négligeable, a Terra, a grande novidade: a vida. A Terra passou por 15 grandes dizimações em massa, mas como se fora uma praga, a vida jamais foi extinta.

Vejamos, rapidamente, a lógica interna que permitiu a eclosão da vida. À medida que avançam em seu processo de expansão, a matéria e a energia do Universo tendem a se tornar cada vez mais complexas. Cada sistema se encontra num jogo de interação, numa dança de troca de matéria e de energia, num diálogo permanente com o seu meio, retendo informações.
Biólogos e bioquímicos, como Ilya Prigogine (prêmio Nobel em química, 1977), afirmam que vigora uma continuidade entre os seres vivos e inertes. Não precisamos recorrer a um princípio transcendente e externo para explicar o surgimento da vida, como o fazem, comumente, as religiões e a cosmologia clássica. Basta que o princípio de complexificação, auto-organização e autocriação de tudo, também da vida, chamado de princípio cosmogênico, estivesse embrionariamente naquele pontozinho ínfimo, emerso da Energia de Fundo que depois explodiu. Um dos mais importantes físicos quânticos da atualidade, Amit Goswami, sustenta a tese de que o Universo é matematicamente inconsistente sem a existência de um princípio ordenador supremo, Deus. Por isso, para ele, o universo é autoconsciente (O Universo Autoconsciente, Rio 1998).O mesmo pensa talvez o maior cosmólogo atual Brian Swimme (The hidden Heart of the Cosmos, 1996).
A Terra não detém o privilégio da vida. Segundo Christiann de Duve, prêmio Nobel de biologia (1974) que escreveu uma das mais brilhantes obras sobre a vida, disse em seu livro Poeira Vital: a Vida Como Imperativo Cósmico:
“Há tantos planetas vivos no Universo quanto há planetas capazes de gerar e sustentar a vida. Uma estimativa conservadora eleva o número à casa dos milhões. Trilhões de biosferas costeiam o espaço em trilhões de planetas, canalizando matéria e energia em fluxos criativos de evolução. Para qualquer direção do espaço que olhemos, há vida (…). O Universo não é o cosmo inerte dos físicos, com uma pitada a mais de vida por precaução. O Universo é vida com a necessária estrutura à sua volta” (Op. cit. 1997, p. 383).
É mérito da astronomia, na faixa milimétrica, ter identificado um conjunto das moléculas nas quais se encontra tudo o que é essencial para dar início ao processo de síntese biológica (Longair, M. As Origens do Nosso Universo, 1994, p. 65-6). Nos meteoros e meteoritos encontraram-se aminoácidos. Esses, sim, são os eventuais portadores das arquibactérias da vida. Houve, provavelmente, vários começos da vida, muitos frustrados, até que um definitivamente se firmou.
Presume-se que as mais diversas formas de vida originaram-se todas de uma única bactéria originária (Wilson, O . E., A Diversidade da Vida, São Paulo, 1994).  Com os mamíferos, surgiu uma nova qualidade da vida, a sensibilidade emocional e o cuidado. Dentre os mamíferos, há cerca de 70 milhões de anos, destacam-se os primatas, e depois, por volta de 35 milhões de anos, os primatas superiores, nossos avós genealógicos, e há 17 milhões de anos, nossos predecessores, os hominidas. Há cerca e 8-10 milhões de anos, emergiu na África o ser humano, o australopiteco. Por fim apareceu, há 100 mil o Homo sapiens sapiens do qual somos herdeiros imediatos (Reeves, H. e outros, A Mais Bela História do Mundo, Petrópolis, 1998).
A vida não seria fruto do acaso (contra Jacques Monod, O Acaso e a Necessidade, Petrópolis, 1979). Bioquímicos e biológicos moleculares mostraram (graças aos computadores de números aleatórios) a impossibilidade matemática do acaso puro e simples. Para que os aminoácidos e as duas mil enzimas subjacentes pudessem se aproximar e formar uma célula viva, seriam necessários trilhões e trilhões de anos, mais do que os 13,7 bilhões de anos, a idade do Universo. As possibilidades são de 10 em potência, mil contra um. O assim chamado acaso é expressão de nossa ignorância.
Estimamos que o sentido da evolução ascendente é produzir mais e mais condições para a irrupção da vida, também extraterrestre como na lua Europa de Júpiter e os três planetas rochosos de Trappist-1.
Com razão disse o famoso físico britânico Freeman Dyson (*1923): ”quanto mais examino o Universo e os detalhes de sua arquitetura, mais acho evidências de que o Universo sabia que um dia, lá na frente, iríamos surgir” (Disturbing the Universe, 1979, p. 250).

Leonardo Boff junto com o cosmólogo Mark Hathaway trata detalhamente o tema em O Tao da Libertação, Vozes 2010.

Fonte: Caros amigos

Crowdsourcing

Crowdsourcing (em português, contribuição colaborativa ou colaboração coletiva), é uma palavra-valise em língua inglesa, composta de crowd (multidão) e outsourcing (terceirização) . O termo foi cunhado em 2005 e é definido pelo Dicionário Merriam-Webster como o processo de obtenção de serviços, ideias ou conteúdo mediante a solicitação de contribuições de um grande grupo de pessoas e, especialmente, de uma comunidade online, em vez de usar fornecedores tradicionais ou uma equipe de empregados. Trata-se de um recurso frequentemente utilizado para dividir trabalhos tediosos, tais como aplicar questionários de pesquisa, levantar fundos para empresas iniciantes ou para instituições de caridade, e já era usado offline, antes da era digital.  Por definição, o crowdsourcing combina os esforços de voluntários identificados ou de trabalhadores em tempo parcial, num ambiente onde cada colaborador, por sua própria iniciativa, adiciona uma pequena parte para gerar um resultado maior. O "crowdsourcing" distingue-se de terceirização pelo fato de o trabalho ser feito por um público indefinido, em vez de ser encomendado ou atribuído a um grupo especificamente designado para realizá-lo. O crowdsourcing pode ser aplicado a uma ampla gama de atividades.Tanto pode ser usado para dividir tarefas tediosas, num tipo de terceirização em multidão, como também pode ser aplicado a necessidades específicas, tais como crowdfunding, uma competição ampla, uma busca geral por respostas e soluções de problemas ou mesmo a procura por uma pessoa desaparecida. A própria Wikipedia é um trabalho crowdsourced, pois utiliza o trabalho de voluntários para a criação e edição de seus verbetes. Outro exemplo de utilização do trabalho da multidão é o crowdtesting, isto é, a realização de testes de softwares por um grande número de pessoas. 

O crowdtesting está ganhando grande importância na indústria de software, e estudos recentes mostraram que 55% das empresas do ramo usaram serviços crowdsourced em 2014 e que muitas outras pretendiam usar crowdtesters em 2015. Segundo seus defensores, o crowdsourcing, se utilizado adequadamente, pode gerar ideias novas, reduzir o tempo de investigação e de desenvolvimento dos projetos, diminuir nos custos, para além de criar uma relação directa com os usuários de uma rede colaborativa de ciência e inteligência. Geralmente, são citados, como bons exemplos de produtos obtidos através do sistema, os sistema operacional GNU/Linux e o navegador Firefox, que foram criados por um exército de voluntários ao redor do mundo. A ideia central é a de que o universo dos internautas possa fornecer informações mais exatas do que peritos individuais, e que o todo seja capaz de se autocorrigir. Ou seja, se um grande número de pessoas é capaz de corrigir os erros uns dos outros, os resultados serão, no global, mais fiáveis do que a resposta de um indivíduo ou de um pequeno grupo. 

Como exemplo desse conceito, é citada a própria Wikipedia, que é praticamente tão precisa nas suas definições como uma enciclopédia tradicional e consideravelmente mais cómoda de usar. No entanto, há quem considere essas crenças basicamente falsas, ou seja, a ideia de que uma multidão é capaz de resolver melhor os problemas do que os indivíduos seria apenas uma doce ilusão. "Não há crowd no crowdsourcing. Existem apenas virtuoses, pessoas excepcionalmente talentosas e altamente treinadas, que trabalharam por décadas em determinada área", escreve Dan Woods, articulista da Forbes.

Obra do Sociólogo Zygmunt Bauman

ZYGMUNT BAUMAN (1925-2016) É UM SOCIÓLOGO POLONÊS, A IDEIA DE MODERNIDADE LÍQUIDA É SEU CONCEITO MAIS POPULAR E PODE SER DEFINIDO COMO O CONJUNTO DE RELAÇÕES QUE SE IMPÕEM E QUE DÃO BASE PARA A CONTEMPORANEIDADE.


A modernidade, para Bauman, pode ser definida como um período de liquidez, de volatilidade, de incerteza e insegurança, em que o período anterior, denominado pelo autor como modernidade sólida, seria “substituído” pela lógica do consumo, do gozo e da artificialidade imediatos.
Logo, a noção de fluidez e liquidez que marcam a contemporaneidade se manifestam no cotidiano em diversos contextos, como por exemplo, nas relações de trabalho, nos relacionamentos afetivos, na maneira como as identidades se constroem, etc.
Assim, para entender melhor estes e outros conceitos de Zygmunt Bauman, separamos 12 livros em PDF, para download. Segue a baixo a lista com todos os títulos disponíveis e, mais abaixo, o link (em vermelho) para o download dos livros:

A arte da vida | A sociedade individualizada | A vida fragmentada | Amor líquido |  Capitalismo parasitário | Comunidade | Confiança e medo na cidade | Em busca da política | Ética pós-moderna | Globalização | Aprendendo a pensar com a sociologia

Para fazer o download dos livros – CLIQUE AQUI!

 

 Fonte: filosofandoporaiblog.wordpress.com

Constrói os teus palácios - Ahmed Fouad Negm


Podes construir teus palácios nos nossos campos
com o suor e o trabalho de nossas mãos
podes pôr teus armazens junto às fábricas
e prisões em lugar de jardins,
podes soltar teus cães pelas ruas
e aprisionar-nos
podes roubar-nos o sonho onde desde sempre dormimos,
podes levar-nos ao extremos do sofrimento.

Agora já sabemos quem nos fere,
Estão identificados e unimo-nos
operários, camponeses e estudantes;
chegou a nossa hora
e comprometemo-nos neste caminho sem regresso.
A vitória está ao alcance das nossas mãos,
a vitória vai para além dos nossos horizontes.

Louvor do Revolucionário - Bertolt Brecht


Quando a opressão aumenta
Muitos se desencorajam
Mas a coragem dele cresce.
Ele organiza a luta
Pelo tostão do salário, pela água do chá
E pelo poder no Estado.
Pergunta à propriedade:
Donde vens tu?
Pergunta às opiniões:
A quem aproveitais?

Onde quer que todos calem
Ali falará ele
E onde reina a opressão e se fala do Destino
Ele nomeará os nomes.

Onde se senta à mesa
Senta-se a insatisfação à mesa
A comida estraga-se
E reconhece-se que o quarto é acanhado.

Pra onde quer que o expulsem, para lá
Vai a revolta, e donde é escorraçado
Fica ainda lá o desassossego.


Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas'
Tradução de Paulo Quintela

Privatizado - Bertolt Brecht


"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. 
É da empresa privada o seu passo em frente, 
seu pão e seu salário. E agora não contente querem 
privatizar o conhecimento, a sabedoria, 
o pensamento, que só à humanidade pertence."

Bertolt Brecht

Nada é impossível de mudar - Bertolt Brecht

Nada é impossível de Mudar
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. 
E examinai, sobretudo, o que parece habitual. 
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de 
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem 
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, 
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural 
nada deve parecer impossível de mudar." 

O Analfabeto Político - Bertolt Brecht


"O pior analfabeto é o analfabeto político. 
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. 
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, 
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio 
dependem das decisões políticas. 
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia 
a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, 
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, 
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo." 

Bertolt Brecht

Um bom começo de manhã...

"Almas parecidas se reconhecem mesmo estando em meio a tantas outras."
 
Luan Cunha 



Lendo alguns blogs hoje de manhã li essa frase. Uma bela frase para começar a manhã e refletir sobre a vida nesse mundo. Justamente no momento em que estou atarefado por conta da dissertação, trabalho, escola, casa... enfim. Não tenho crenças sobrenaturais, porém, "almas parecidas" podem significar muitas coisas:

  • pessoas que se identificam;
  • solidariedade;
  • companheirismo;
  • pessoas engajadas em uma causa que não estão sozinhas no mundo e, é claro;
  • aquele olhar diferente que sentimos no reconhecimento do outro.