Aula de fascismo, por FERNANDO BRITO no TIJOLAÇO
Paula
Ferreira e Renato Grandelle, hoje, em O Globo, mostram o legado juvenil
da era do grampo e delação conduzidos à condição de “heroísmo” pelo
Ministério Público, pela Justiça e pela mídia.
Contam a história de professores
amedrontados, temendo estarem sendo gravados por alunos, em busca de
“dedurá-los” como esquerdistas ou gays.
Até a cor da camiseta serve como pretexto:
Quando escolhe a roupa que usará durante
um dia de aula, Miguel (nome fictício), professor de Português e
Literatura de duas escolas privadas, deixa as camisas vermelhas de lado.
Nas duas vezes em que as vestiu no trabalho, foi chamado pelos alunos
de petista. Era brincadeira, mas ele não baixa a guarda. Os estudantes
já se queixaram dos debates conduzidos por Miguel em sala sobre temas
como racismo e homofobia. Outros docentes já passaram por situações mais
dramáticas — tiveram trechos de aulas gravados e divulgados nas redes
sociais, onde foram acusados de promover doutrinação ideológica.
A reportagem (que não achei na versão
online) é uma sequência de monstruosidades. Entre elas as contidas no
site do movimento “Escola Sem Partido”: “uma aba chamada “Flagrando o
doutrinador” estabelece comportamentos dos professores que os alunos
podem identificar como doutrinação” e outra, “Planeje sua denúncia”,
ensina os alunos a registrarem falas dos professores que sejam
“representativas da militância política e ideológica”.
Auxiliar de coordenação de um colégio da
Zona Sul do Rio, uma educadora que também não quis se identificar recebe
e-mails com denúncias sobre o conteúdo transmitido nas aulas. É,
segundo ela, um fenômeno recente, mas que forçou mudanças na linha
pedagógica da instituição.
— A escola está com menos liberdade de
atuação. Até dois anos atrás, podíamos fazer uma videoconferência sobre
qualquer tema que estivesse acontecendo no mundo. Hoje, temos que
mostrar à direção, submeter à aprovação dos pais, analisar com que série
vamos trabalhar — revela. — As famílias tinham mais confiança em nós.
São os filhos do Moro, os imbecis da
“cognição sumária”, tão entupidos de convicções que não precisam
aprender, debater, discutir ideias ou fatos.
Basta-lhes, como à Rainha de Copas de Lewis Carroll, apontar o dedo duro e gritar: cortem-lhe a cabeça.
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EL PAÍS OPINIÃO: O que seria da literatura numa “escola sem partido”? por JOSÉ RUY LOZANO - EL PAÍS - 08/jan/2017: Dom Casmurro, de Machado de Assis, continuaria a ser um romance de adultério...
Aconteceu em meados de 1990. O aluno, de família religiosa, dirige-se ao
professor e afirma, em alto e bom som: “Não vou ler esse livro aí, é
obra de Satanás”. A obra em questão era Noite na taverna, de Álvares de
Azevedo, o romântico brasileiro discípulo de Byron e Musset, que
temperou os enredos de seus contos com cemitérios, crânios humanos e
orgias à meia-noite.
Escola sem Partido: A formação de Zumbis, por Márcia Moussall no Observatório do Terceiro Setor - Jornal do Nassif - 13/set/2016: Vamos
admitir que a nossa querida democracia é extremamente frágil. O golpe
parlamentar nos mostrou que temos um longo caminho a percorrer em
direção a uma sociedade justa.
“Um povo ignorante é um instrumento cego da sua própria destruição” ( Simón Bolívar)...
Fonte: Jornal do Nassif